terça-feira, 8 de maio de 2012

1° DE MAIO DIA DE REFLETIR SOBRE AS CONDIÇÕES DE TRABALHO.

  No Dia do Trabalho não se trabalha. Esta homenagem ás avessas vigora em boa parte do mundo capitalista. O 1º de maio hoje é vivido por muitos apenas como mais um feriado no calendário, mas sua criação foi fruto de uma história de lutos e lutas da classe operária.
  Foi nos Estados Unidos que se consolidou o moderno significado do 1º de maio, numa série de manifestações que culminaram em tragédia.
  Em 1832, a jornada de oito horas foi a principal reivindicação das greves que estouraram em Boston na Filadélfia e em Nova York. Três décadas depois, os operários ainda lutavam pela mesma causa, tanto é que em 1869 criaram a "Liga pelas Oito Horas".
  Apesar de crescente organização da classe, as condições de vida dos trabalhadores ficaram ainda piores com a depressão econômica. Em1886 foi convocada uma greve geral para 1º de maio, usualmente o dia nacional da renovação dos contratos de trabalho. No dia 3,cerca de três mil operários que permaneciam em greve se reuniram em frente á fabrica McCormick Harvest Works, em Chicago.A manifestação, a princípio, era pacífica, mas a polícia resolveu intervir com violência. Graves incidentes deixaram um saldo de seis mortos e 50 feridos. No dia seguinte, operários anarquistas convocaram, com autorização oficial, um ato de protesto contra a ação da polícia. No meio do comício, uma bomba foi arremessada na direção de policiais q tentavam dispersar a multidão.
  O episódio desencadeou uma perseguição a líderes do movimento operário. Depois de um processo suspeito,com caráter marcadamente político,sete deles foram condenados á morte por enforcamento e outro,a quinze anos de prisão.
    A luta pela comprovação da inocência dos acusados transformou os "oito mártires de Chicago" em símbolo mundial da injustiça do Estado capitalista contra uma classe trabalhadora oprimida. Ainda mais deois que cinco deles foram,de fato,executados. O incidente americano teve influência crucial nos rumos da 2ª Internacionaldos Trabalhadores,organização criada em Paris,em 1889,reunindo representantes operários de vários países sob orientação marxista. Neste congresso, a entidade decretou o 1º de maio como Dia Internacional do Trabalho. A data nasce sob o signo da revolta e da luta.
   Em torno dela,os operários passaram a promover um grande número de atividades políticas,sociais e culturais-  comícios, greves, passeatas, poesias, peças de teatro, bailes,caricaturas etc.- canalizando a pressão pela melhoria de suas condiçoes de vida. O ponto de partida era, ainda, a necessidade de uma jornada de trabalho de oito horas, que lhes permitia oito horas de lazer e outras oito de descanso.
   Nem luto,nem luta, O 1º de maio nunca mais seria o mesmo. As décadas recentes nos afastaram do significado político que lhe deu origem. Isto se deve,por um lado,á derrocada da União Soviética e dos regimes comunistas do Leste europeu, e, por outro,ás novas formas de produção: flexível e volátil, o capitalismo globalizado disseminou fábricas por vastas regiões do planeta, articuladas pela informática e pelos meios de comunicação. Este processo desconstruiu o proletariado industrial típico dos séculos XIX e XX, disseminando a produçao industrial por vários continentes do planeta, alcançando a Àsia. Foi-se o proletariado. Sobrou o feriado.

                                                                                                                   BERNARDO KOCHER
                                                                                                                  Prof. de História da Univ
                                                                                                                     Federal Fluminence     

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