domingo, 5 de fevereiro de 2012

Conselho desabafa e denuncia os descasos na saúde de Redenção

Foto: J. R. NEVES
FOTO: J. R. NEVES

O Sistema Municipal de Saúde em Redenção está funcionando de forma tão precária que a população, especialmente as comunidades carentes, que são as que mais necessitam desse serviço vivem verdadeiro flagelo. Estamos na iminência de uma greve dos servidores da saúde que já não aguentam mais a pressão e o arrocho salarial. Os trabalhadores da saúde de Redenção têm a pior remuneração da região; seu PCCR (Plano de Cargo Carreira e Salário) não está sendo respeitado pelo gestor municipal; falta concurso público ocasionando um volume inaceitável e ilegal de contratações temporárias; há embromação na efetivação dos ACS; não recebem insalubridade proporcional ao risco de contaminação a que estão sujeitos; são em grande parte obrigados a trabalhar sem os devidos EPI (Equipamentos de Proteção Individual), sem contar com o assédio moral enfrentados por muitos trabalhadores.
As Unidades de Saúde, na sua maioria, precisam de reformas e quando estas vêm, demoram muito tempo (aproximadamente 20 meses a reforma do hospital materno infantil no Setor Capuava, cerca de 18 meses a reforma do posto de saúde do Setor Bela Vista e já está com mais de 6 meses o início das obras do Hospital Iraci). Algumas dessas unidades chegaram a extremo descaso, como o Laboratório Municipal que funciona no Posto de Saúde da Avenida Araguaia que fora interditado no dia 17/01/2012 pelo Conselho Municipal de Saúde, que em vistoria, detectou funcionários trabalhando em condições subumanas como em ambiente infestado por piolho de aves, baratas, aranhas e outros insetos que oferecem risco à saúde dos trabalhadores e dos pacientes que saiam de lá “atacados” por piolhos. Falta transparência na aplicação dos recursos da saúde (ninguém sabe quanto custou a reforma do Hospital Materno Infantil e a reforma do Hospital Iraci, nem tão pouco o valor da receita mensal da saúde (são verdadeiras caixas fechadas). Os Postos de Saúde dos setores Vila Paulista (espaço alugado), Marechal Rondon, Campos Altos e Planalto nunca funcionaram (não têm estrutura para funcionar como Posto de Saúde Familiar - PS, mas são totalmente compatíveis para funcionar como Unidade Básica de Saúde com consultas médicas, entrega de medicamentos, realização de curativos e outros).
O Conselho Municipal de Saúde - CMS atua, embora seja desrespeitado pelos gestores que só enviam representantes sem poder de decisão para as reuniões; deixam de pagar servidores do CMS; atrasam a contratação dos funcionários do CMS; desrespeitam e mudam deliberações e encaminhamentos do CMS. O Secretário de Saúde parece não ter nenhuma autonomia para solucionar os menores problemas da Secretaria Municipal de Saúde.
A rede municipal de saúde pública está com seus Postos de Saúde, na sua maioria sem médicos e sem odontólogos; seus hospitais Iraci e Materno Infantil trabalham com número insuficiente de profissionais, totalmente incompatível com a demanda. Não há cardiologistas, neurologistas, cirurgiões, anestesistas, ortopedistas, exceto o ortopedista Dr. José Carlos, o único especialista na rede que só atende duas vezes por semana e de sobreaviso, enfim praticamente só emergência. Enquanto Redenção não atende nenhuma especialidade, nenhum paciente de média e alta complexidade, nem a maioria de baixa complexidade; nossos pacientes são enviados para morrerem na fila do Regional que não tem condições de atender toda essa demanda. Em súmula, atualmente o município não está fazendo nem o básico. 
 As equipes de enfermagem padrão e técnica, bem como as equipes gerais de apoio administrativo, higiene, limpeza e segurança estão sobrecarregadas devido o número reduzido de profissionais e jornadas muito longas acarretando sério risco de acidentes e danos a si próprios e aos pacientes.
Faltam materiais para procedimentos (curativos, cirurgia e outros), medicamentos (Metifarmina, Atenolol, metildolpa, etc.) e para higiene e limpeza geral das unidades de saúde. Dentre outros é inadmissível a falta do Mategam que é vital para evitar óbitos em partos futuros de pais com incompatibilidade sanguínea e os para os doentes mentais e com deficiências neurológicas.
Diante de tanto descalabro, a Câmara de Vereadores parece manter-se AUSENTE, como se não recebesse quase Dois Milhões por ano para fiscalizar. A maioria dos vereadores parece não estar ali para defender os interesses do povo que os elegeu. A maioria é tão descompromissada com sua função que não sabe, sequer, quanto a saúde de Redenção recebeu e gastou em 2011 de recursos próprios, não sabe que o Estado em 2011 parou de mandar o pequeno valor que transferia para o município e nem que a saúde de Redenção é quase totalmente bancada com recursos do Governo Federal por não fazer suficiente aporte de recursos próprios. Os demais vereadores parecem nem ter acesso a tais informações.
Diante do cenário real e assustador que vivemos o Conselho Municipal de Saúde, junto com setores da sociedade civil organizada, está levantando um abaixo assinado solicitando o apoio da população para denunciar a situação às autoridades e exigir SOLUÇÕES URGENTES em favor do bom funcionamento do sistema de saúde na nossa cidade.
Domingos Rodrigues Neves (Presidente do Conselho Municipal de Saúde. Texto aprovado na reunião do CMS em 26/01/2012)

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